Na madrugada de terça-feira (3), a dupla Martine Grael e Kahena Kunze faturou o bicampeonato olímpico na classe 49er FX ao ficar na terceira posição na regata da medalha, realizada na Marina de Enoshima. A medalha dourada das atletas está no grupo das quatro que o Time Brasil ganhou até o momento na Olimpíada de Tóquio (Japão).
Além disso, a conquista colocou as velejadoras na seleta relação de oito mulheres brasileiras bicampeãs olímpicas. Além de Martine e Kahena, figuram na lista as jogadores de vôlei Fabi Alvim, Fabiana Claudino, Jaqueline Carvalho, Paula Pequeno, Sheilla Castro e Thaisa, campeãs nos Jogos de 2018 (Pequim) e de 2012 (Londres).
“Vai caindo a ficha aos poucos do que você atingiu. É difícil ter a noção exata agora. É mérito nosso, de toda dedicação que tivemos nesses cinco anos trabalhando no barco. Sabíamos também que a parte psicológica seria fundamental. Foi um conjunto de fatores que nos levou até esse posto”, comentou Kahena Kunze em entrevista coletiva organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) na noite desta terça-feira.
Apesar de a conquista ter sido histórica, e com um impacto que extrapolou a vela, foi apenas mais um capítulo glorioso na parceria iniciada em 2013. Há aproximadamente oito anos, as duas começaram a velejar juntas apostando na classe 49er FX, que seria estreante no programa olímpico nos Jogos de 2016 (Rio de Janeiro). A partir daí Martine e Kahena faturaram, apenas em campeonatos mundiais, o título em 2014, e quatro medalhas de prata (2013, 2015, 2017 e 2019). Além disso, apenas na temporada de 2019, elas levaram o campeonato europeu, os Jogos Pan-Americanos, o evento-teste dos Jogos Olímpicos, a Copa do Mundo e o torneio Princesa de Sofia.
“Acho que o grande diferencial foi termos focado nosso trabalho na classe desde o início. Não tínhamos nem técnico no começo. A Martine buscou um barco no Chile para treinarmos. No começo, era isso. Você contra o barco. Ninguém podia ajudar. Acho que esse foi o grande diferencial da campanha do Rio de Janeiro”, recordou Kahena Kunze.
“Na sequência, as nossas rivais foram evoluindo muito. No Rio de Janeiro ganhamos por poucos segundos. Foi uma vitória muito mais na tática do que em qualquer outra coisa. Já para os Jogos de Tóquio, observamos que o peso das meninas subiu bastante. E elas andavam muito, tanto no vento forte quanto no fraco. Mudou bastante o cenário da classe. Essa foi uma luta nossa também para ficarmos bem fortes fisicamente para essa Olimpíada. Além disso, teve a questão da pandemia [de covid-19] também. Isso complicou nossa preparação, acabou mudando nosso foco em alguns aspectos. O nosso equipamento também já estava no Japão desde 2018, e tivemos que velejar nesse período todo com outros barcos. Isso tudo acabou influenciando”, concluiu Martine Grael.