A morte da agricultora Thamires Lorençoni Mendes, assassinada com três tiros no dia 30 de novembro de 2019, crime que chocou todo o estado do Espírito Santo, teve seu desfecho final na madrugada desta quinta-feira (2), com a condenação dos autores do homicídio, em sessão do Tribunal do Júri da Comarca de Vargem Alta, em julgamento que durou cerca de 13 horas, no Fórum Desembargador Carlos Soares Pinto Aboudib, no município de Vargem Alta-ES.
Os réus, Sulamita Barbosa de Almeida, a Sula, Flávia de Almeida da Silva (filha de Sulamita) e Wilson Roberto Barcellos Gomes, o Negão Chaquila, foram condenados pelo Júri a penas que variam entre 20 e 30 anos de prisão em regime fechado.
Sulamita, mandante do crime juntamente com sua filha Flávia, foi quem recebeu a maior pena, com reclusão determinada pelo juiz José Pedro de Souza Netto, em 30 anos e 3 meses de prisão, enquanto Flávia teve a pena imposta em 20 anos e 11 meses de reclusão. Já Wilson, o Negão Chaquila, teve a pena arbitrada em 23 anos e 4 meses de prisão.
O julgamento teve início às 13 horas de quarta-feira (1º) e terminou quase às 03h00 da madrugada de quinta-feira (2). Durante este período foram ouvidas testemunhas, os réus e as alegações do Ministério Público, que realizou as acusações, e dos advogados de defesa dos réus, qua travaram uma verdadeira batalha com a finalidade de convencer o corpo de jurados.
Em seu depoimento, Sulamita negou que teria mandado matar Thamires. Ela disse que procurou Chaquila para dá um corretivo, ou seja um susto, em Thamires, para que ela parasse de incomodar sua filha, e para isso pagou a quantia de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) para ele realizar o serviço, que no entanto, não havia sido feito.
Wilson confirmou o depoimento de Sulamita, informando que houve o contato e que realmente pegara o dinheiro, mas que não havia realizado nenhum crime, nem dando em Thamires o tal corretivo e muito menos tendo cometido o homicídio.
Porém, Flávia afirmou que havia entrado em contato com Wilson, o Negão Chaquila, via WhatsApp e que havia pedido para ele matar Thamires e que foi pago a ele a quantia de R$ 1.500,00 para comprar um revólver e que após a realização do assassinato ele receberia outra quantia de mesmo valor.
A acusação foi realizada pelo Ministério Público, na ocasião representado pelo Promotor de Justiça Daniel de Andrade Novaes. A defesa de Sulamita e Flávia foi realizada pelo advogado Anibal Gualberto Machado dos Santos, enquanto Wilson foi defendido pelos advogados Lucas Azevedo Rosa e Thiago Quirino.
O Promotor disse que o crime em questão foi um dos mais hediondos que ele já presenciou em 12 anos de atuação no Ministério Público. “O assalto foi uma farsa utilizada para esconder o real objetivo que era matar Thamires”, afirmou.
Por sua vez, a defesa dos réus, mesmo atuando com advogados diferentes, atuou na mesma linha, a da negativa de autoria e o argumento mais forte utilizado é de que na linha cronológica da investigação o nome de Wilson só aparece posterior ao principal depoimento colhido pelo delegado responsável pelo inquérito policial, que foi o depoimento de Gedson Thomazini, viúvo de Thamires e que dirigia o caminhão no dia em que a agricultora foi executada.
Como já estão presos há algum tempo, os réus terão este período abatidos das sentenças, passando a cumprir o restante das penas. Apesar das sentenças terem sido consideradas altas pelos advogados, o Promotor de Justiça informou ao fim do julgamento que vai recorrer para ampliar ainda mais o período de prisão dos réus.
Veja como fica a pena de cada réu:
Sulamita Barbosa de Almeida – Sula
Pena: 30 anos e 3 meses de prisão
Está presa há: 1 anos e 11 meses
Ficará presa por mais: 28 anos e quatro meses
Flávia de Almeira da Silva
Pena: 20 anos e 11 meses de prisão
Está presa há: 1 anos e 11 meses
Ficará presa por mais: 18 anos, 11 meses e 4 dias
Wilson Roberto Barcellos Gomes – Negão Chaquila
Pena: 23 anos e 4 meses de prisão
Está preso há: 1 anos e 5 meses
Ficará preso por mais: 21 anos e 10 meses