por Basílio Machado
Recebo cedo telefonema de um amigo esbravejando contra os quadrúpedes de Marataízes. Ele chiava da turma da cavalgada de domingo que está usando e abusando do calçadão novinho da Praia Central. Aquele que demorou anos pra ficar pronto e que deu um xabu danado na inauguração, com governador marcando, prefeito desmarcando, deputado se acochando, urubu voando e os guruçás de olho empinado, só manjando.
Pensei: a bronca do amigo faz sentido. A bem dizer, falta a Marataízes uma legislação adequada para o tráfego animal. Cavalos, burros e asnos estão disputando espaço na orla com a turma da caminhada, da saúde e da água de coco. Nas jovens tardes de domingo, o novo e o antigo se estranham, sob o olhar sonolento da polícia.
Os fardas devem pensar assim: deixa pra lá, vamos é curtir a live do parça. Incrível como a categoria gosta do presidente. E ele dela. Se chamá-lo de Bozo, não tem égua que dê conta. Os caras ficam o dia todo vendo o replay da live de quinta. Cá pra nós, eu também. Na falta de algo melhor… Big Brother nem pensar.
O fato é que fiquei de publicar a reclamação. Tentei a manchete “Cavalos tomam conta de Marataízes”. Essa não, pode parecer noticiário político. Talvez, “Jumentos vão invadir sua praia”. Também não. Parece música do Ultraje a Rigor. Vai que me cobrem direito autoral. Pensei, pensei e resolvi passar a boiada mesmo. Deu certo com o ministro.
Taí um problemão para as autoridades maratimbas resolverem. Pela restinga, os cavalos não podem passar. Os guruçás juraram recorrer ao Supremo, já ajeitaram tudo com a segunda turma. Tem ainda o Ibama, o Iema e as corujas buraqueiras pelo caminho. Pelas ruas, o código de trânsito não permite. Sobrou pro calçadão. A bosta dos bichos dá pra limpar, mas, e se quebrarem tudo? Bem, aí se faz outro. O povo paga sem reclamar.