Às vésperas de completar 29 anos, no próximo dia 13 de maio, o Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane) se prepara para receber investimentos da ordem de mais de R$ 600 mil.
Na tarde desta quarta-feira (6) o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, acompanhado do secretário de Governo e de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, Marcelo de Oliveira, do secretário municipal de Cultura, Luciano Gagno e diversas outras autoridades compareceram ao espaço, no Centro Histórico da capital, para o Lançamento do Edital de reforma do museu.
“Por reconhecer e valorizar a luta dos movimentos negros estamos aqui reunidos para concretizar mais uma ação afirmativa nesse espaço que representa a vida, a alegria, a construção coletiva e, sobretudo, a união de todos da sociedade. Mais do que pensar uma reforma, ao tomarmos a iniciativa do restauro do Mucane, estamos nos integrando, fazendo história na construção de um novo modelo de sociedade e de respeito mútuo”, declarou Pazolini.
“Esta é a segunda obra que realizamos aqui no Mucane em menos de um ano. Esse é um claro sinal da atenção que não só o espaço, mas a Cultura como um todo vem recebendo da gestão municipal. No Brasil temos pouquíssimos equipamentos exclusivamente voltados para a valorização e o respeito da cultura afro. Somos privilegiados pela existência do Mucane e o papel que vem cumprindo na sociedade. Continuaremos trabalhando pela manutenção deste importante espaço e tudo o que ele representa nas nossas histórias”, afirmou Luciano Gagno.
Reparos e restauração
O objetivo da obra, orçada em R$ 614.772,21, com prazo de conclusão de 120 dias, é fazer reparos de modo a manter a funcionalidade do local que historicamente reforça o valor da cultura e da identidade negra e prevenir degradações progressivas no imóvel que data de 1912.
“Essas obras nos permitirão expandir as nossas atividades como oficinas, exposições e outros encontros culturais. O Mucane é um local que salvaguarda não só a identidade negra, bem como valoriza os grupos artísticos afro. São professores, artistas, músicos, bailarinos e expositores que se beneficiam desse local. Essa intervenção traz cada vez mais força pra este espaço”, afirmou o pedagogo e coordenador do Mucane, Jocelino Júnior.
Por se tratar de um edifício histórico, o projeto deverá passar ainda pela análise da equipe de coordenadoria de revitalização urbana da Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec) a fim de manter as referências originais preservadas.
A fachada da edificação, que atualmente apresenta pontos de infiltrações e desplacamento do revestimento, deve sofrer uma minuciosa inspeção com a retirada dos trechos danificados e recomposição dos adornos conforme indicações do setor patrimônio histórico da Sedec.
O prédio anexo, também histórico, passará por reformas com a correção das infiltrações seja na platibanda, fachadas ou calhas. Estruturas metálicas e de alvenaria igualmente receberão reparos e também pintura.
O museu
Criado em 13 de maio de 1993, o Mucane é o principal equipamento municipal responsável por atividades de difusão da cultura dos povos afrodescendentes. Ao longo da história se consolidou como importante referencial para assegurar a memória de conquistas e espaço para discussão e fomento às políticas públicas dirigidas especialmente à cultura negra.
Equipado com cantina, auditório, biblioteca, área de eventos, espaço para exposições e mezaninos, a instituição realiza cursos e oficinas de formação cultural, debates, mostras e apresentações voltadas à história e à identidade negras.
Antes de se tornar um museu, o edifício abrigou, logo na sua inauguração, uma casa de couros e, depois, farmácia.
Em 1923, tornou-se propriedade do Governo do Estado, passando a sediar o Correio de Vitória, o Departamento de Estatística Geral e o Departamento Estadual de Cultura.
Desde 2008, o espaço está sob gestão da Prefeitura de Vitória.
Verônica da Pas
O Mucane carrega, também, o nome de Maria Verônica da Pas, que integrou a comissão para a criação do museu e foi a primeira coordenadora da instituição.
Formada em Medicina pela Emescam, ela foi defensora da desinstitucionalização da saúde mental, militou no movimento negro, participou da coordenação do projeto cultural afro-brasileiro da sub-reitoria comunitária da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e organizou o Seminário Internacional da Escravidão, em 1988.