As mudanças no cenário eleitoral para as eleições ao governo estadual estão deixando de cinto apertado os prefeitos. Chegou a hora de deputados e senadores cobrarem deles a contrapartida das emendas parlamentares e de bancada liberadas para os municípios. A senadora Rose de Freitas (MDB), tradicional municipalista, já deitou e rolou nesse quesito.
Além da pressão de cima para baixo sobre os prefeitos, tem ainda as de baixo para cima. Principalmente nas cidades polo, de maior densidade demográfica. É comum uma gama de pré-candidatos emergirem das câmaras municipais e das próprias hostes dos governos locais. No centro desse cabo de guerra está ele, o prefeito.
Em Cachoeiro de Itapemirim, por exemplo, o prefeito Victor Coelho (PSB) fica numa sinuca de bico. Tem vereador, ex-vereador e secretários de sua confiança que aguardam seu apoio. Sem contar os candidatos que têm o apoio do governador e mesmo os deputados federais e estaduais que buscam a reeleição. Todos querem uma fatia dos votos gerados pela máquina pública municipal.
Eleito e reeleito com votações expressivas, Victor anda pisando em ovos. Sabe que tem ainda quase três anos de mandato e vai precisar da Câmara Municipal para governar sem turbulências. Da mesma forma, conta com a reeleição de Renato Casagrande para dar sequência ao seu projeto político. Nesse ponto, não titubeia com sua fidelidade ao governador.
Passadas as eleições e tapados os buracos das ruas da cidade, arrisco a prognosticar que Victor Coelho tem tudo para terminar o segundo mandato em alta no mercado político. Se conseguir, vencerá um fantasma que assombra prefeitos em mandatos repetidos. Haja vista, o que aconteceu com Valadão (MDB) e Carlos Casteglione (PT). Mesmo Ferraço (UB), que teve uma trajetória mais longeva na prefeitura, nunca elegeu um sucessor de sua base política.
Para quem acompanha a administração de Cachoeiro no seu dia a dia, sem faca nos dentes, obviamente, é fácil ver o quanto está sendo feito ou em vias de ser executado. Se olharmos para trás, também veremos uma transformação no perfil estético da cidade e na evolução tecnológica da prefeitura, que a cada dia está mais digital. Uma hora esse trabalho será posto à prova.
Somando todos esses ingredientes, faz bem o prefeito em ser cauteloso nesse momento turbulento, onde as atenções começam a deixar pra trás a pandemia e voltam-se para o movimento partidário eleitoral. É igual a andar em meio a prateleiras de latas vazias. Quanto menos se movimentar, menor o risco de derrubar tudo. Prudência e canja de galinha.