A produção industrial do Espírito Santo avançou 0,2% em setembro frente ao mês imediatamente anterior. O resultado foi superior à média nacional, que teve desempenho negativo, de -0,4%. Em todo o Brasil, além do ES, a produção industrial só teve alta em mais cinco dos 15 locais pesquisados.
Com o resultado positivo de setembro, a atividade industrial do Estado acumula, em 2021, alta de 8,5%, fazendo com que o Espírito Santo também supere a média do crescimento nacional (7,5%). Os dados da Produção Industrial do Espírito Santo (PIM-PF) foram publicados na quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE).
O destaque da indústria capixaba no mês de setembro ficou com a indústria de transformação capixaba, que, sozinha, registrou crescimento de 3,8%, puxada pela maior produção de produtos alimentícios (8,1%), de metalurgia (6,4%) e de celulose, papel e produtos de papel (1,4%).
Já na passagem do 2º para o 3º trimestre de 2021, a produção industrial do Espírito Santo caiu 0,8%, resultado menos negativo que o registrado pela média do país (-1,7%). De acordo com a economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marília Silva, essa perda de dinamismo no Estado foi influenciada principalmente pela queda na produção da indústria extrativa (-10,4%).
Ainda nessa passagem de trimestre, a produção de pelotas pela Vale no Espírito Santo aumentou em 9,9%, puxada pela maior disponibilidade de pellet feed de Itabira (MG). Em contrapartida, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a produção de óleo e gás do Estado retraiu 0,1% na comparação com o segundo trimestre de 2021.
“Nos próximos meses, o cenário permanece desafiador para a atividade industrial, pois a economia global ainda está em recuperação. Há gargalos persistentes nas cadeias produtivas globais, que levaram a aumentos dos preços dos insumos em vários países e impactaram as cadeias logísticas mundiais. Por exemplo, com a falta de contêineres, a restrição quantitativa de navios e a alta nos custos de transporte marítimo. Adicionalmente, há temores gerados pela crise energética mundial e pela desaceleração da economia chinesa”, explica Marília Silva.
Acumulado do ano é positivo
No acumulado de 2021, a produção industrial avançou 8,5%, no Espírito Santo, influenciada pelo crescimento da indústria de transformação (23,9%). Mesmo com o bom desempenho, a indústria capixaba ainda permanece abaixo do patamar pré-pandemia (-9,3%).
Bernardo Almeida, analista da PIM-PF, explica que os efeitos da pandemia da Covid-19 vêm sendo atenuados desde agosto de 2020, com a flexibilização das medidas restritivas. “A partir de agosto do ano passado, já temos uma produção mais regularizada. E começamos a perceber as consequências da pandemia para a produção industrial: desabastecimento de insumos, aumento no custo da produção, redução do consumo das famílias por conta de inflação e desemprego. Tudo isso afeta a cadeia produtiva”, comenta Bernardo.
Entre as atividades industriais do ES que vêm fazendo o Estado performar positivamente estão: a metalurgia (30,8%) e a celulose, papel e produtos de papel (29,9%), que segue beneficiada pelo aquecimento da demanda mundial por celulose em 2021.
“Em relação a esta última, segundo o último relatório da Suzano S.A, mesmo com a sazonalidade negativa característica deste período e com o arrefecimento da demanda na China no terceiro trimestre deste ano, a empresa expandiu o volume de vendas de celulose em função da maior demanda da Europa e da América do Norte por commodity”, explica a economista-chefe da Findes.
3º trim.21 / 2º trim. 21 | 3º trim.21 / 3º trim. 20 | Acumulado em 2021 | |
Espírito Santo | |||
Indústria geral | -0,8 | 3,7 | 8,5 |
Indústria extrativa | -10,4 | -14,3 | -14,2 |
Indústria de transformação | 1,9 | 14,7 | 23,9 |
Brasil | |||
Indústria geral | -1,7 | -1,1 | 7,5 |
Indústria extrativa | 0,2 | -0,4 | 1,2 |
Indústria de transformação | -1,9 | -1,2 | 8,4 |
Fonte: PIM-PF/IBGE. Elaboração: Ideies/Findes.