A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) realizou, na última quarta-feira (4), o painel “Exploração Mineral de Sal Gema – Oportunidades para o Espírito Santo”. Durante o evento, a diretora da Agência Nacional de Mineração (ANM), Débora Puccini, afirmou que as 11 áreas disponibilizadas pela agência, e que irão a leilão devem injetar, apenas na fase de pesquisas, mais de R$ 170 milhões em investimento no Estado. Esse aporte deve ser realizado em no mínimo três anos (assista a live na íntegra).
O encontro, que ocorreu de forma semipresencial, contou com a participação da presidente da Federação, Cris Samorini, que, em sua fala de abertura lembrou as possibilidades que a exploração de sal-gema traz para o Estado. A presidente da Findes ainda destacou que a Federação está focada na criação de oportunidades de investimento produtivo: são os investimentos que podem gerar a retomada do emprego, da renda e do desenvolvimento econômico e social para os capixabas.
“Recentemente fomos alertados pelo deputado federal Felipe Rigoni sobre a enorme oportunidade que bate à porta do Espírito Santo no segmento da mineração. O deputado deu uma contribuição decisiva para este debate e chamou a atenção de todos nós para a questão: temos a maior reserva de sal-gema da América Latina! A exploração do mineral vai movimentar todos os elos da cadeia de produção e exploração, desde os fornecedores até os compradores em potencial do produto acabado, ou do produto como commodity”, afirmou Cris Samorini.
O deputado federal Felipe Rigoni destacou o grande potencial de desenvolvimento socioeconômico que a exploração do sal-gema pode trazer para o Norte do Estado.
“O Estado já é uma terra de oportunidades, mas precisamos acelerar isso. Podemos criar um grande polo industrial sal-químico. Fiquei muito feliz quando a presidente Cris se propôs a organizar esse evento, não só para falar sobre o potencial, mas também para oportunizar a geração de emprego e renda”, disse.
O presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, enfatizou que os produtos derivados do sal-gema poderão ser utilizados nas indústrias de celulose e química e até no tratamento de água: “Temos que ter conectividade, conexão e unidade entre as instituições públicas e privadas. Precisamos unir esforços para que esse sonho se torne realidade. Parabenizo a todos os envolvidos pela iniciativa de realizar este painel”.
Também participaram do evento o presidente da comissão de sal-gema da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais José Eustáquio Freitas e Marcelo Santos, o secretário estadual de Desenvolvimento e Inovação, Tyago Hoffmann, e a subsecretária de Competitividade do ES, Rachel Freixo.
4º Rodada de Disponibilidade de Áreas
O Espírito Santo tem hoje a maior reserva de sal-gema da América Latina. Ao todo são 12,2 bilhões de toneladas distribuídas em 11 áreas de reservas a serem exploradas, o que corresponde a 70% da atual reserva nacional, sendo que esse montante está concentrado no Norte Capixaba.
A área faz parte do edital da 4º Rodada de Disponibilidade de Áreas. O leilão eletrônico será aberto no dia 25 de agosto e encerrado no dia 8 de setembro. Já os resultados serão divulgados em 20 de setembro.
De acordo com o diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Júlio Cesar Ferreira, a mineração ocupa hoje apenas 0,66% do território brasileiro e corresponde a quase 4% de participação do PIB nacional.
“Temos no Brasil cinco concessões de lavra para o sal-gema, o que é muito pouco em relação à extensão do território nacional. No ano passado, apenas duas empresas recolheram a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) com relação ao sal-gema, sendo que uma delas arrecadou pouco, o que mostra que só temos uma empresa efetivamente extraindo o mineral”, comentou.
A expectativa é que a criação de um polo industrial sal-químico no Norte do Espírito Santo gere cerca de 15 mil empregos, diretos e indiretos, ao longo de 50 anos de exploração do mineral.
Durante sua apresentação, a diretora da ANM afirmou que as áreas disponibilizadas pela agência devem injetar, apenas na fase de pesquisas, minimamente, R$ 170 milhões em investimento no Estado. De acordo com Débora Puccini, o ganhador do direito de pesquisa terá três anos, sendo que o prazo poderá ser estendido, para realizar os estudos sobre a áreas.
“Claro que esse valor pode ser muito maior, porque poderão ser realizadas pesquisas em sondagem, na parte de sísmicas, entre outros tipos de estudo. Esse é um valor bem conservador. Três anos é o período mínimo legal para a realização da pesquisa, mas pode-se pedir um prolongamento desse período”, explicou a diretora.
Após finalizada a pesquisa, a empresa deverá apresentar os resultados à ANM para dar entrada a um requerimento de exploração da área. Tendo a licença ambiental e o título autorizativo de lavra em mãos, a companhia poderá explorar.
Painel contou com a presença de 10 especialistas no tema sal-gema
O painel “Exploração Mineral de Sal Gema – Oportunidades para o Espírito Santo” contou com a participação de dez especialistas, divididos em dois grupos.
O primeiro, mediado pela presidente da Câmara Setorial da Industria da Mineração da Findes, Alexandra Machado, falou sobre “Oportunidades para a Indústria”. Participaram dele a diretora na Agência Nacional de Mineração, Débora Puccini, o chefe de departamento do BNDES, Flávio Mota, o secretário de Parcerias em Energia, Petróleo, Gás e Mineração da Secretaria Especial do Programa de Parcerias e Investimento (SPPI), Frederico Munia, e o gerente-executivo da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM), Miguel Nery.
Já o segundo, mediado pelo vice-presidente da Findes Tales Machado, abordou a “Visão do Mercado”. Palestraram o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Ciro Marino, o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Júlio César Ferreira, o diretor do negócio de vinílicos da Braskem, empresa brasileira do ramo petroquímico, Almir Viana, o diretor Comercial de PVC da Unipar, Alexandre de Castro, e o especialista no tema sal-gema Paulo Cabral.
Findes possui câmara dedicada ao setor de rochas
É importante destacar que a mineração é um dos principais segmentos industriais do Espírito Santo e tem uma forte tradição na extração de rochas. O Estado é o principal exportador de granito do país, movimentando aproximadamente US$ 828 milhões ao ano, quase 82% do valor nacional (US$ 1 bilhão).
Por isso, o setor de rochas possui uma câmara setorial própria na Findes, que discute regularmente as oportunidades e necessidades do campo de interesses: a Câmara Setorial das Indústrias de Mineração.
Qualificação da mão-de-obra
A exploração do sal-gema vai movimentar todos os elos da cadeia de produção e exploração, desde os fornecedores até os compradores em potencial do produto acabado ou dele como commodity. A atração de empresas impulsionará investimentos e fortalecer as empresas locais, trazendo desenvolvimento regional.
De acordo com Cris Samorini, a Findes, por meio do Senai, já conta com um amplo portfólio de cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional, com mais de 400 cursos.
“Estamos de olho no mercado de sal-gema e já estudando a oferta de novos cursos voltados para ele, com intuito de preparar os profissionais para ocuparem os postos de trabalho que serão abertos”, complementou a presidente.